Os canhões calaram-se há mais de 20 anos, mas na Trafaria ainda vivem na memória os exercícios de tiro da bataria da Artilharia Costa nº 5, instalada no alto da Raposeira. “Os militares avisavam-nos quando faziam tiros para os alvos no mar. Diziam-nos para deixarmos as janelas abertas, porque os vidros podiam partir-se com a trepidação”, conta Carlos Alberto da Silva, de 75 anos, dono de uma óptica no centro da Trafaria.
Nesses tempos, os militares da Artilharia de Costa e do Batalhão de Informação e Segurança Militar davam vida à terra, mas há muito que as fardas verdes deixaram de ser vistas por ali. Subindo o monte da Raposeira, o cenário é desolador. Das antigas instalações militares – que foram desocupadas no início dos anos 1980, mas onde houve um último exercício de tiro em 1990 – restam as ruínas dos edifícios construídos no final do século XIX. O lixo acumula-se por todo o espaço, as paredes estão cobertas de graffitis e encontram-se no chão munições de paint-ball – o sítio é propício aos jogos de combate simulado. Ainda lá estão os canos das peças de artilharia Krupp de 150mm. “Foi a única coisa que não conseguiram roubar. Devem ser demasiado pesadas”, conta um vizinho.
As Batarias da Trafaria foram definitivamente abandonadas pelo Exército por volta de 1996. O sítio encanta pelas vistas deslumbrantes para a foz do Tejo e as praias da Caparica, mas a propriedade ainda pertence ao Exército. “Está na lista de património a alienar, mas não sabemos quando isso possa acontecer”, explica à Domingo o tenente-coronel Jorge Pedro, porta-voz do Exército.
PRÉMIO INTERNACIONAL
Nem todos se conformam com o triste destino das batarias. João Segurado faz parte de um colectivo de arquitectos que imaginou um novo fim para o espaço. “Somos um grupo informal de sete pessoas que se juntam regularmente para discutir arquitectura. Surgiu a ideia de nos candidatarmos ao prémio ‘Architecture for Humanity’ (Arquitectura para a Humanidade) em que o tema era a reabilitação instalações militares”. O grupo é formado por arquitectos e técnicos em início de carreira, ligados a diferentes ateliers portugueses.
O colectivo desenhou para a colina da Raposeira um centro de Observação do Oceano e da Costa. “A ideia nasceu dos problemas que têm surgido naquela zona por causa dos avanços e recuos do mar. Desde que se fez o desassoreamento do banco de areia que existia entre a Costa da Caparica e o Farol do Bugio que se repetem os problemas. Projectámos um centro de observação e estudo das condições da costa naquele local”.
O projecto ganhou o prémio principal do concurso ‘Architecture for Humanity’. O júri internacional escolheu a proposta portuguesa, numa competição em que os números impressionam: inscreveram-se 510 equipas de 74 países, tendo sido apuradas inicialmente 174 projectos. Em duas rondas eliminatórias, ficaram 24 semifinalistas e depois 13 finalistas. O projecto da Trafaria ganhou o prémio principal, tendo sido distinguido um segundo projecto no Uganda.
“O prémio tem um valor monetário de 2500 dólares [2022 euros], mas o melhor é que vamos mostrar o nosso trabalho na Bienal de Veneza, já em Agosto”, diz o arquitecto João Segurado, de 31 anos. O grupo vencedor gostava de ver a ideia saltar do papel para o terreno. “Queremos apresentar uma proposta à Câmara de Almada, julgamos que a construção de um Observatório do Oceano e da Costa faz todo o sentido naquele local”, explica.
MEMÓRIA LONGÍNQUA
Na pacata vila da Trafaria, ninguém faz ideia do prémio dos arquitectos. Mas todos lamentam o triste fim das batarias, que davam vida à povoação. “Nunca ouvi falar de um projecto para aquela zona, mas é uma pena ver um sítio tão bonito chegar àquele estado de degradação. Tem uma vista fantástica, podia fazer-se ali um parque público ou até um hotel de luxo”, diz Francisco Leitão, tesoureiro da Junta de Freguesia da Trafaria.
Os esquiços dos arquitectos incluem também a Bataria nº 6 , situada na Fonte da Telha. As posições de artilharia faziam parte do antigo Regimento de Artilharia da Costa, que tinha armas de grande calibre (234 mm) instaladas nas margens norte e sul do Tejo. Serviam para proteger a capital de uma eventual invasão marítima.
Hoje, nenhuma das batarias do Tejo e do Sado estão operacionais, mas as instalações da Fonte da Telha ainda são guardadas por militares. Entre eles, o Sargento Ajudante Joaquim Castanheira, militar na reforma, que ali vive e zela pela conservação do espaço. “Prestei serviço no Batalhão de Informação e Segurança Militar da Trafaria e quando me reformei pedi para vir para a Fonte da Telha. Estou aqui por gosto”, explica o militar, que lembra que “a última vez que se fez fogo na Fonte da Telha foi em 1999”.
Arquitectos e trafarienses esperam agora que as armas dêem lugar à ciência.
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